sexta-feira, 13 de abril de 2012

RNA também identifica geneticamente as pessoas



  Modelo de RNA
Bases de dados de DNA são recursos altamente protegidos. Como contêm a impressão digital detalhada dos indivíduos, podem ser usadas para identificar uma pessoa. Esse recurso é aplicado em casos de predisposição genética para o câncer e testes de paternidade, e até históricos de criminosos. Mas, a partir de outros estudos sobre o genoma, começaram a se formar as bases de dados de RNA, que também podem ser usadas ​​para revelar a identidade de uma pessoa. Estas bases de dados contêm a informação genética de milhares de indivíduos ao redor do mundo, e estão publicadas em revistas e disponíveis ao público.
Pesquisadores argumentam que, a partir dessas conclusões, os cientistas poderiam usar RNA e outros dados pessoais profundos para ajudar a melhorar a saúde dos pacientes. Mas também levanta algumas questões sobre a privacidade genômica.
Um estudo conduzido na Mount Sinai School of Medicine, em Nova Iorque (EUA), modifica o processo de detecção de RNA. Os pesquisadores Eric E. Schadt e Ke Hao descobriram como identificar o DNA de uma pessoa usando apenas dados de RNA, em oposição à maioria dos estudos que utilizam sequências de DNA para determinar a informação genética de RNA.
Procedimento
Os pesquisadores analisaram os níveis de RNA, que funciona como um mensageiro para a realização das instruções do DNA, em amostras de tecido do fígado que foram coletadas em dois estudos separados. Um estudo analisou amostras de doadores saudáveis de fígado, e o outro estudou pessoas que foram submetidas a cirurgias gástricas. A equipe do Mount Sinai olhou para os marcadores de expressão quantitativa (eQTLs), locais no genoma que regulam a expressão de determinadas proteínas ou RNAs. Eles usaram algoritmos que combinavam esses padrões eQTL a variações de bases do DNA. Os pesquisadores o descrevem como “ouvir uma sinfonia e deduzir quais são os instrumentos da orquestra, essencialmente desenrolando o processo de desenvolvimento para rastrear amostras de tecido de volta ao RNA e ao gene que o instruiu.”
Com essa conclusão sobre o DNA, há, teoricamente, uma possibilidade de usar os níveis de RNA para corresponder a um indivíduo com uma amostra de DNA obtida de forma independente – como a digitalização de um código de barras para ver se dois itens correspondem. “O DNA coletado na cena do crime poderia ser genotipado e os investigadores poderiam vincular potencialmente os indivíduos desconhecidos na cena do crime com os indivíduos que participaram de um estudo especial”, escreveram os pesquisadores.
Privacidade
Essa descoberta chama a atenção para a questão da privacidade – se você estiver prestes a realizar uma cirurgia e nunca teve seu DNA incluído num banco de dados de criminosos, as autoridades podem ter a permissão de rastrear você através de seu histórico médico? E, sobre a obtenção de autorizações para essa informação, quando isso é tecnicamente de domínio público? Um comunicado emitido pela equipe de notícias da Mount Sinai diz que a privacidade médica pode estar chegando ao fim.
“Ao invés de desenvolver formas de continuar a proteger a privacidade de alguém dada a capacidade de coletar informação sobre esse indivíduo, estaríamos melhor servidos por uma sociedade que aceita o fato de que novos tipos de dados refletem profundamente sobre quem somos “, disse Schadt. “Precisamos aceitar a realidade de que é difícil (se não impossível) proteger informações pessoais de outras pessoas. É semelhante a tentar proteger a privacidade quando você aparecer num local público.”
A pesquisa foi publicada na edição online da Nature Genetics.
Texto: Rebecca Boyle

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