Quando Steve Jobs faleceu em 2011, uma piada falava de um homem que tanto fez para moldar a tecnologia moderna que não morreu de fato, mas tinha descoberto como carregar a si próprio num sistema operacional Mac para viver conosco e com seus produtospara sempre. A ideia era aparentemente tão ridícula que virou, como dissemos, uma piada. Mas nem todo mundo pensou assim.
No congresso internacional Global Future 2045, realizado em Moscou (Rússia), Dmitry Itskov, de 31 anos, disse que planeja criar exatamente esse tipo de imortalidade. Primeiro seria através da criação de um robô controlado pelo cérebro humano. Depois, viria um transplante de cérebro humano em um robô humanoide. Em seguida, o transplante cirúrgico seria substituído por um método para simplesmente carregar a consciência de uma pessoa em um robô. Ele acha que pode ir além da segunda fase (transplantar um cérebro em funcionamento para um robô) em apenas dez anos, colocando o projeto no caminho certo para alcançar seu objetivo final: a consciência humana completamente robotizada e colocada dentro de uma hospedeiro holográfico. Tudo isso em 30 anos.
Deixando de lado todos os desafios tecnológicos extremamente difíceis para o momento, há duas importantes considerações ligadas à visão de Itskov. Em primeiro lugar, enquanto as fases posteriores do seu projeto estão tão distantes a ponto de parecerem ridículas, a primeira fase é totalmente viável (na verdade, já está em andamento). De lá, o salto para a segunda fase (inteligência humana transplantada em um robô mecânico) será grande. Porém, se estamos dispostos a permitir que isso seja possível (mesmo dentro dos próximos 30 anos), então temos que considerar uma outra possibilidade: a de que muitas pessoas vivas hoje, como o próprio autor, daqui a vinte e poucos anos poderão se deparar com este tipo de tecnologia ultramoderna em suas vidas, o que é mais aterrorizante, surpreendente e desconcertante, tudo ao mesmo tempo.
Realidade
Mas tudo isso está mesmo dentro do reino da possibilidade? A primeira fase (a criação de um robô controlado por um cérebro humano) já está bem ao nosso alcance. Na verdade, a DARPA já trabalha nela através de um programa chamado “Avatar”, (que é também o nome do projeto de Itskov) através do qual o Pentágono espera criar uma interface cérebro-máquina que irá permitir que soldados controlem as máquinas bípedes somente com suas mentes.
Mas tudo isso está mesmo dentro do reino da possibilidade? A primeira fase (a criação de um robô controlado por um cérebro humano) já está bem ao nosso alcance. Na verdade, a DARPA já trabalha nela através de um programa chamado “Avatar”, (que é também o nome do projeto de Itskov) através do qual o Pentágono espera criar uma interface cérebro-máquina que irá permitir que soldados controlem as máquinas bípedes somente com suas mentes.
É claro que há muitos projetos de medicina em curso relacionados a próteses (a DARPA está envolvida em alguns deles também) que mostraram que o sistema nervoso humano pode interagir com avanços nesse campo, manipulando-as através do pensamento. Itskov desenhou um panorama claro do que temos até agora para desenvolver os hologramas contendo consciência que ele idealiza. Tudo o que temos a fazer é atacar os obstáculos tecnológicos do caminho, um de cada vez, até chegarmos lá.
Seria ótimo se fosse assim tão fácil, mas Itskov também levanta um ponto válido. Na última década, testemunhamos interfaces cérebro-máquina saírem do reino das ideias futuristas para mecanismos firmemente enraizados na realidade. Ainda há muito que não sabemos sobre o cérebro, mas uma melhor tecnologia (e uma abundância de financiamento neste campo, estimulado pelos ferimentos neurológicos e em extremidades horríveis nos soldados norte-americanos no Iraque e no Afeganistão) está expandindo essa possibilidade a cada ano.
Questões
O que Itskov quer realmente dizer, embora de uma forma muito ambiciosa, é que já estamos na estrada rumo ao fim de nossa corporalidade, que deverá ser substituída por próteses que fazem interface com os nossos centros nervosos. Se você pode conectar um cérebro com uma mão, e, em seguida, um cérebro com um braço inteiro, por que não um cérebro com dois braços? Com as duas pernas? Com todo o resto? A questão agora é descobrir até onde vai essa limitação, o quanto podemos seguir nesse caminho e o quanto disso é somente hipótese.
O que Itskov quer realmente dizer, embora de uma forma muito ambiciosa, é que já estamos na estrada rumo ao fim de nossa corporalidade, que deverá ser substituída por próteses que fazem interface com os nossos centros nervosos. Se você pode conectar um cérebro com uma mão, e, em seguida, um cérebro com um braço inteiro, por que não um cérebro com dois braços? Com as duas pernas? Com todo o resto? A questão agora é descobrir até onde vai essa limitação, o quanto podemos seguir nesse caminho e o quanto disso é somente hipótese.
Teoricamente, enquanto sua massa cinzenta não estiver em decomposição, você poderia continuar a “viver” indefinidamente (pelo menos, se aceitar a ideia de que sua consciência vive na fiação de seus neurônios). A fase três do plano de Itskov, dispensando o cérebro físico e empregando o upload da consciência diretamente em um computador ou robô, acaba totalmente com a matéria orgânica, tornando a sua consciência tão permanente quanto a versão em cartucho de videogame do Sonic que ainda permanece no fundo da sua gaveta. Seríamos pessoas enquanto programas.
Vai funcionar?
Há uma série de razões que justificam por que carregar a consciência humana em algum tipo de computador não vai funcionar. Mas o fato é que todas as nossas tentativas para criar um computador que funcione como o cérebro surgiu muito antes. E a criação de um holograma que também contenha a consciência? Nós não conseguimos prever isso nem em trinta anos, nem neste século. Ainda assim, o progresso está sendo feito através de redes neurais, microchips modelados em cérebros vivos e computadores inteiros criados para imitar a funcionalidade da sua massa cinzenta. Nós construímos análogos sintéticos para todos os tipos de órgãos. O cérebro é o mais complexo de todos, mas seguindo uma certa linha de raciocínio (a linha que Itskov parece estar seguindo) é apenas uma questão de tempo e determinação até chegarmos a um análogo neurológico também.
Há uma série de razões que justificam por que carregar a consciência humana em algum tipo de computador não vai funcionar. Mas o fato é que todas as nossas tentativas para criar um computador que funcione como o cérebro surgiu muito antes. E a criação de um holograma que também contenha a consciência? Nós não conseguimos prever isso nem em trinta anos, nem neste século. Ainda assim, o progresso está sendo feito através de redes neurais, microchips modelados em cérebros vivos e computadores inteiros criados para imitar a funcionalidade da sua massa cinzenta. Nós construímos análogos sintéticos para todos os tipos de órgãos. O cérebro é o mais complexo de todos, mas seguindo uma certa linha de raciocínio (a linha que Itskov parece estar seguindo) é apenas uma questão de tempo e determinação até chegarmos a um análogo neurológico também.
Os planos de Itskov, por enquanto excessivamente ambiciosos (e olha que nós gostamos muito de gente ambiciosa), não parecem tão longe quanto parecem; pelo menos não nas primeiras fases. As pessoas, que hoje estão firmemente conectadas a seus corpos vivos e uma consciência inteiramente voltada para os seus crânios, serão submetidas a uma escolha, chamada de corporalidade seletiva. No futuro, começarão a chegar até nós questões como: “Realmente queremos viver além dos nossos corpos na condição de máquinas conscientes?”, “Um robô ou computador é dirigido por um cérebro vivo de uma pessoa, com todos os direitos e privilégios que lhes são inerentes hoje?”, “Posso ter jatos implantados nas minhas mãos e pés típicos de robôs para voar como o Homem de Ferro?”. Essas questões poderiam se tornar, em algum grau, questões reais que teremos que considerar um dia, desta vez não hipoteticamente.
Tudo isso é mais do que consegue sequer pensar a minha consciência não-mecânica.
Texto: Clay Dillow
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