Sanofi Pasteur divulgou resultados de estudo que envolveu 21 mil crianças. Empresa pretende submeter produto à Anvisa no início de 2015.
Até o momento, não existe uma vacina aprovada
contra a dengue, transmitida pelo Aedes aegypti
(Foto: Douglas Aby Saber / Fotoarena)
contra a dengue, transmitida pelo Aedes aegypti
(Foto: Douglas Aby Saber / Fotoarena)
O laboratório Sanofi Pasteur anunciou que a vacina experimental contra
dengue desenvolvida pela empresa conseguiu reduzir em 60,8% o número de
casos da doença em estudo que envolveu quase 21 mil crianças e
adolescentes da América Latina e Caribe.
Resultados mais detalhados da pesquisa devem ser anunciados em
novembro, na reunião anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e
Higiene (ASTMH, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, e também
publicados em uma revista científica ainda neste semestre, de acordo com
Sheila Homsani, gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur.
Ela afirma que, com esses resultados, a empresa encerra a última etapa
de testes clínicos, que era o que faltava para completar o dossiê que
deve ser submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Essa submissão deve ocorrer no início de 2015 e, caso o órgão aprove a
vacina, ela deve passar a ser comercializada no país até o fim do ano
que vem, ainda segundo a gerente.
Os testes foram feitos entre junho de 2011 e abril de 2013 em crianças e
adolescentes de idade entre 9 e 16 anos. Participaram do estudo Brasil,
México, Honduras, Colômbia e Porto Rico.
saiba mais
Só no Brasil, foram 3.550 participantes que receberam três doses da
vacina, com intervalos de seis meses entre elas. Foram escolhidas cinco
cidades brasileiras com índices altos de dengue: Natal, Fortaleza, Campo
Grande, Goiânia e Vitória.
Dos quase 21 mil participantes, dois terços receberam a vacina e um
terço recebeu placebo. Segundo a empresa, o grupo que recebeu a vacina
teve 60,8% menos casos de dengue do que o grupo que recebeu placebo. O
número total de pessoas que foram infectadas por dengue durante o
estudo, porém, ainda não foi divulgado.
A vacina teve níveis de proteção diferentes para cada sorotipo. Para o
sorotipo 1, a proteção foi de 50%; para o sorotipo 2, foi de 42%; para o
sorotipo 3 foi de 74% e para o sorotipo 4 foi de 77,7%.
“Tem que ser uma vacina que proteja contra os quatro sorotipos, mesmo
que em níveis diferentes de proteção. Cada um contribuiu para o
resultado global. Hoje não tem qualquer tratamento específico para
dengue e não tem nenhuma forma de prevenção. Se a vacina consegue
proteger 6 pessoas em cada 10, está prevenindo bastante”, diz Sheila.
Segundo a médica, a vacina também foi capaz de reduzir a hospitalização
por dengue em 80,3%. Quanto à segurança da vacina, ela afirmou que “não
houve morte em decorrência da vacina” e que ela foi “muito bem
tolerada” pelos voluntários.
Atualmente, existem diversas iniciativas de pesquisas para o
desenvolvimento da vacina contra a dengue em todo o mundo, inclusive de
instituições nacionais, como o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo
Cruz. Mas nenhuma delas chegou à fase 3 de testes, quando o produto é
testado em um número grande de voluntários.
Estudo na Ásia
Um estudo da mesma vacina feito na Ásia, que testou o produto em 10.275
crianças do continente, teve seus resultados publicados na revista
científica “The Lancet” em julho. Os testes mostraram que, nesse
público, a vacina experimental foi capaz de conferir uma proteção de
56,5% contra a infecção.
Enquanto o grau de proteção contra os sorotipos 3 e 4 foi de 75%, e
contra o sorotipo 1 foi de 50%, a proteção contra o sorotipo 2 foi de
apenas 35%. O estudo também mostrou que a vacina conseguiu prevenir
88,5% dos casos de dengue hemorrágica, que são os mais graves.
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