Pesquisadores isolaram anticorpo contra tipo 1 em paciente de Cingapura. Doença transmitida por mosquito mata 20 mil pessoas por ano no mundo.
Cientistas isolaram em um paciente de Cingapura um poderoso anticorpo
capaz de "sufocar" e matar o vírus da dengue, e esperam que isso possa
resultar em uma nova arma para o combate à doença.
Não existe atualmente cura para a dengue, que mata 20 mil pessoas por
ano, muitas delas crianças. O tratamento se restringe a combater os
sintomas.
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O anticorpo isolado estava entre 200 mil exemplares colhidos junto a
cem pacientes que tiveram a doença e se recuperaram. Ele parecia capaz
de matar todas as cepas conhecidas do subtipo 1 do vírus da dengue,
segundo estudo publicado nesta quinta-feira (21) pela revista "Science
Translational Medicine".
Há quatro subtipos diferentes do vírus da dengue, doença que provoca
febre e dores intensas. Lok Shee-Mei, da Escola de Pós-Graduação Médica
Duke-NUS e integrante da equipe responsável pela pesquisa, disse que o
anticorpo "mata o vírus da dengue antes mesmo que ele tenha a chance de
infectar qualquer célula".
Em experimentos com ratos, os pesquisadores viram que o anticorpo se
estica sobre as proteínas superficiais do vírus, sufocando-o e
isolando-o.
"Quando o vírus quer infectar células, precisa respirar e se expandir,
então suas proteínas superficiais passam por ligeiras mudanças (...),
mas esse anticorpo se amarra às proteínas superficiais, de modo que as
proteínas não conseguem mudar de forma alguma. O vírus é incapaz de
contaminar", disse Lok por telefone, de Cingapura.
Em comparação a outros compostos químicos que estão sendo desenvolvidos
contra a dengue, o anticorpo matou mais vírus e agiu mais rapidamente,
segundo Paul MacAry, autor principal do estudo, que é
professor-associado de microbiologia da Universidade Nacional de
Cingapura.
Os pesquisadores planejam em breve realizar testes clínicos em
Cingapura com o anticorpo em pessoas contaminadas com a dengue tipo 1.
Enquanto isso, a equipe está vasculhando sua biblioteca e espera
encontrar anticorpos igualmente poderosos, especialmente contra os
subtipos 2, 3 e 4.
MacAry disse que sua equipe já achou o anticorpo contra o subtipo 2, mas que ele ainda está em fase preliminar de testes.
Segundo ele, "90% de toda a dengue em Cingapura é do tipo 1 ou 2. Isso
significa que, dentro de seis meses a um ano, teremos dois anticorpos
que nos permitirão tratar a maioria dos pacientes no país".
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